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sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Finados

Passei minha infância acostumada a visitar o túmulos dos meus bisavós na cidade de Nova Era, no dia de finados.
Perdi minha avó em 1996 e meu avô no ano de 2000, mas já não era como minha infância, pois não tinha a obrigação de acompanhar meus pais e as visitas já não eram anuais como outrora.
Apesar de estar cansada e de ainda ter que pegar uma rodovia lotada no retorno para casa, devido ao feriado, este ano resolvi que iria a cidade de Nova Era para visitar o túmulo dos meus avós Amador e Edith, dos meus primos Maurício e Lúcia e do meu padrinho Vicente.
Foi uma breve visita, fiz uma oração e voltamos logo para casa.
Sinto que eles não estão ali, o túmulo é apenas algo que representa fisicamente a pessoa que partiu, um lugar para voltarmos de vez enquando, um lugar para preencher um tipo de vazio.
Acredito na importância de mantermos os túmulos dos nossos entes queridos bem cuidados, de fazermos visitas, de levarmos flores, mas sei que eles estão em outra dimensão e o que jaz ali são apenas ossos.
Na visita ao cemitério fiquei observando as lápides, sempre com os nomes , data de nascimento e de óbito.
Pensei comigo que deveria ser um pouco diferente, que deveria ter algo mais pessoal, uma frase que indicasse o que foi aquela pessoa, o que ela representou para o mundo na sua viagem pela terra, um epitáfio diferente.
Gostei do epitáfio do escritor Mineiro Fernando Sabino, o qual fiquei sabendo dias antes do dia dos finados, quando pesquisava textos de sua autoria.
Foi o próprio escritor que o redigiu: " Aqui jaz, Fernando Sabino, nasceu homem e morreu menino."
Penso que quando partir dessa vida para uma nova experiência, quero que também haja um epitáfio parecido comigo, quero que alguém visite meu túmulo de vez enquando, que me leve flores...talvez eu poderei de algum lugar ver que deixei saudades, pois é assim que sinto quando vou visitar meus entes, que eles sabem, onde for que se encontrem, que eu estive ali e que estou sentindo saudades deles.
Este hábito deve ser incutido desde cedo, pois não sei se os meus pais não tivesse nos levado sempre ao cemitério no dia de finados, se eu teria o mesmo  respeito e consideração com esta data que possuo...por isso levei Malu comigo e fui explicando para ela o que significava estar ali e quem eram as pessoas naquele túmulo.

"A morte não é nada.


Apenas passei ao outro mundo.

Eu sou eu.

Tu és tu.

O que fomos um para o outro ainda o somos.

Dá-me o nome que sempre me deste.

Fala-me como sempre me falaste.

Não mudes o tom a um triste ou solene.

Continua rindo com aquilo que nos fazia rir juntos.

Reza, sorri, pensa em mim, reza comigo.

Que o meu nome se pronuncie em casa

como sempre se pronunciou.

Sem nenhuma ênfase, sem rosto de sombra.

A vida continua significando o que significou,

continua sendo o que era.

O cordão da união não se quebrou.

Por que eu estaria fora de teus pensamentos,

apenas porque estou fora de tua vista?

Não estou longe,

somente estou do outro lado do caminho.

Já verás, tudo está bem...

Redescobrirás meu coração.

E nele redescobrirás a ternura mais pura.

Seca tuas lágrimas e,

se me amas,

não chores mais."


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