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terça-feira, 25 de agosto de 2009

Crônica de Amor

Conforme Roberto Freire... Ame e de Vexame!

Você ama aquela petulante.
Você escreveu dúzias de cartas que ela não respondeu, você deu flores que ela deixou a seco, você levou para conhecer a sua mãe e ela foi de blusa transparente.
Você gosta de rock e ela de chorinho, você tem alergia ao sol ela adora praia, você abomina o Natal e ela detesta o Ano Novo, nem no ódio vocês combinam.
Então? então que ela tem um jeito de sorrir que o deixa imobilizado, o beijo dela e mais viciante do que LSD, você adora brigar com ela e ela adora implicar com você. Isso tem nome.

Você ama aquele cafajeste.
Ele diz que vai ligar e não liga, ele veste o primeiro trapo que encontra no armário, ele escuta Egberto Gismonti e Sivuca. Ele não emplaca uma semana nos empregos, esta sempre duro, é meio galinha. Ele não tem a menor vocação para príncipe encantado, e ainda assim você não consegue despacha-lo.
Quando a mão dele toca na sua nuca, você derrete feito manteiga. Ele toca gaita de boca, adora animais e escreve poemas.

Por que você ama este cara ? não pergunte pra mim. você é inteligente.
Leem livros, revistas, jornais. Gosta dos filmes de Woody Allen, dos irmãos Coen e do Robert Altman, mas sabe que uma boa comedia romântica também tem o seu valor.
Você é bonita e Independente, emprego fixo, gostosa, cheirosa. Gosta de viajar, de musica, tem loucura por computador e seu fettuccine ao pesto é imbatível.
Você tem bom humor, não pega no pé de ninguém e adora sexo.
Com um currículo desses, criatura, por que diabo esta sem um amor ?
Ah, o amor, essa raposa. Quem dera o amor não fosse um sentimento, mas uma equação matemática: eu linda + você inteligente = dois apaixonados.
Não funciona assim. Ninguém ama outra pessoa pelas qualidades que ela tem, caso contrario os
honestos, simpáticos e não teriam uma fila de pretendentes batendo a porta.
O amor não é chegado a fazer contas, não obedece a razão.
O verdadeiro amor acontece por empatia, por magnetismo, por conjunção estelar.
Costuma ser despertado mais pelas flechas do cupido que por uma ficha limpa.
Ninguém ama outra pessoa porque ela é educada, veste-se bem e fala do Chico.
Isso são só referencias. Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe da ou pelo tormento que provoca.
Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.
Amar não requer conhecimento prévio nem consulta ao SPC.
Ama-se justamente pelo que o amor tem de indefinível.
Honestos existem aos milhares, generosos tem as pencas, bons motoristas e bons pais de família, tá assim, ó.

Mas ninguém consegue ser do jeito que o amor da sua vida é.

Roberto Freire

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